Por que o Mercado Financeiro Ainda Resiste ao que é 'Incomum'?
Os líderes financeiros costumam operar em terreno seguro e regulado, criando uma resistência cultural e regulatória a novidades. Bancos e players tradicionais são cautelosos, avessos a riscos, e frequentemente relutam em compartilhar ganhos de joint ventures. Essa mentalidade conservadora leva instituições a torcer o nariz para colaborações inovadoras, mantendo-se estacionadas na zona de conforto.
Outra barreira é a falta de visão holística e pensamento em silos. Ao ver fintechs e influenciadores como concorrentes ou fornecedores e não como aliados estratégicos, instituições financeiras perdem oportunidades valiosas por medo do incerto. Isso explica por que vemos poucas iniciativas realmente disruptivas entre os incumbentes financeiros.
Apesar disso, alguns players visionários já exploram parcerias estratégicas inovadoras:
BTG Pactual + Empiricus: Uma instituição tradicional unindo forças com influenciadores digitais, ampliando radicalmente seu alcance no varejo.
XP Investimentos + Influenciadores Financeiros: A XP lidera com parcerias estratégicas, lançando até a “Aceleradora XP”, treinando novos influenciadores.
Walmart + Fintech (EUA): Walmart transformou-se num “supermercado de serviços financeiros”, oferecendo produtos via parcerias fintech, demonstrando o poder da distribuição de serviços financeiros embutidos no varejo.
Apple + Goldman Sachs: Uma Big Tech e um banco tradicional lançando o Apple Card, exemplo claro do poder da finança embutida (embedded finance).
Fintechs + Influenciadores (EUA): Fintechs americanas aproveitam influenciadores como parte integral do negócio, alcançando massivamente a geração Z.
CNBC + Acorns: Uma parceria entre mídia tradicional e fintech que atraiu milhares de jovens investidores, utilizando conteúdo educativo como porta de entrada.
Fintech + Varejo/Tech: Troca de vantagens complementares para criar serviços financeiros embutidos em plataformas digitais amplamente usadas pelo público.
Finanças + Influência (Finfluencers): Indo além do marketing, incluindo criação conjunta de produtos financeiros com influenciadores.
Bancos/Corretoras + Setores Emergentes: Parcerias com healthtechs, edtechs e agritechs, integrando investimentos diretamente às necessidades do cliente.
Colaborações entre Fintechs (coopetição): Fintechs concorrentes colaborando para criar soluções inovadoras que isoladamente seriam inviáveis.
Essas parcerias têm potencial para:
Democratizar e incluir novos investidores, alcançando públicos que bancos tradicionais não conseguem acessar facilmente.
Reconfigurar vantagens competitivas, deslocando a lealdade dos clientes para marcas e influenciadores fora do setor financeiro tradicional.
Inovar produtos e serviços, obrigando instituições financeiras a oferecer soluções personalizadas e relevantes.
Aumentar pressão competitiva, trazendo novos competidores indiretos e exigindo reação rápida dos incumbentes financeiros.
Executivos financeiros precisam refletir sobre estratégias atuais e mapear possibilidades inusitadas. A pergunta-chave não é mais "Qual fintech comprar?", mas sim "Com quem se unir para criar valor exponencial?". Parcerias não convencionais são uma vantagem competitiva concreta e urgente.
Está na hora de quebrar silos e pensar em ecossistemas. Aquilo que hoje parece improvável pode ser exatamente o que impulsionará sua empresa para um novo patamar.
Inovar na colaboração pode ser a diferença entre liderar a próxima onda ou ser engolido por ela. Cabe a cada líder decidir se será protagonista ou espectador dessa transformação.